Os casais que tiveram os bebês trocados em um hospital de Trindade decidiram morar juntos na casa de um deles até que seja divulgado o resultado do exame de DNA que vai determinar a paternidade de cada criança. O material genético foi colhido nesta segunda-feira (29). Os bebês nasceram no dia 9 de julho no Hospital de Urgências de Trindade (Hutrin) com poucos minutos de diferença. O caso foi descoberto após um dos pais desconfiar de um erro ao perceber que o bebê dele e da esposa, que são morenos, nasceu branco dos olhos azuis. O casal decidiu fazer um exame de DNA por conta. O exame indicou que nenhum deles era pai biológico da criança com quem estavam em casa há quase 20 dias. Ao saber dessa desconfiança, outro casal que teve bebê no mesmo dia e no mesmo hospital manifestou a mesma suspeita, também pela falta de semelhança com o recém-nascido. Agora, será realizado um exame com o material genético de ambos os casais e bebês. A reportagem entrou em contato por telefone com a assessoria de imprensa do Hutrin para saber mais detalhes sobre como será feito o teste e como estão as investigações sobre o erro, mas não obteve resposta até a publicação dessa reportagem. Em nota enviada no domingo (28), o hospital confirmou a troca dos bebês e disse que afastou quem estava de serviço nas datas de nascimento e alta. Eles também garantiram que estão apurando internamente o ocorrido e em contato com as famílias. Murillo Marquez Praxedes Lobo e Aline de Fátima Bueno Alves moram em Santa Bárbara de Goiás e vão passar os próximos dias na casa de Genésio Vieira de Sousa e Pauliana Maciel Aguiar de Sousa, que moram em Trindade. Após colher material para o exame, os casais foram à delegacia de Trindade para definir se os bebês seriam destrocados mesmo antes do resultado. “A troca é o que eles [Polícia Civil] queriam, mas a gente não. A gente combinou que eu vou ficar na casa do Genésio até sair o resultado do DNA. É a melhor forma de as mães não sofrerem tanto. Agora vamos ter que conviver juntos para sempre, virou uma família enorme. Tive um filho e agora tenho dois”, disse Murillo, pai de um dos bebês. Genésio, pai da outra criança, disse que apenas o exame de DNA vai poder confortar o coração das famílias. “É muito desgastante. Psicológico, emocional abalado. É muito doído, muito constrangedor . O erro começou no Hutrin. O que fiquei sabendo foi através das pulseirinhas e as pessoas que estavam cuidando dos bebês e não quiseram reparar o erro no mesmo momento, mas não deram valor nos seres que estavam ali” Ainda muito abaladas com a situação, as mães dos bebês não quiseram dar entrevistas. Os advogados das famílias disseram que psicólogas da Polícia Civil acompanharam a reunião e que o resultado do DNA deve sair ainda esta semana. Depois que essa etapa for resolvida, eles estudam pedir reparação para o hospital pelos danos causados. “Partiu da polícia essa sugestão deles morarem na mesma casa. Primeiramente queríamos fazer a troca, mas eles acharam melhor esperar o resultado e nós respeitamos a decisão deles”, disse a delegada Renata Vieira. Nos próximos dias a polícia ainda vai ouvir funcionários do hospital. “Estamos tratando como crime culposo por não identificar corretamente a gestante ou a criança. Nesse caso, a gestante não foi identificada corretamente”, completou.
Fonte: G1